Portugal já conta com 17 locais classificados como Património Mundial da UNESCO desde 1983. As novas “estrelas” nacionais foram distinguidas no passado dia 7 de julho de 2019. Um orgulho para todo o país e, ao mesmo tempo, um conjunto de oportunidades e desafios para o desenvolvimento e promoção do território.
O Santuário do Bom Jesus de Braga foi um dos novos monumentos reconhecidos. Referência obrigatória do Barroco em Portugal, o Santuário do Bom Jesus do Monte, cujas origens remontam ao princípio do século XIV, é considerado a maior atração turístico-religiosa da cidade e da região de Braga. O Santuário é composto por um escadório, que representa a Via Sacra do Bom Jesus e que sobe até à igreja. O conjunto arquitetónico integra ainda o Parque do Bom Jesus (uma área de mata), o Elevador do Bom Jesus (um funicular) e alguns hotéis. Este conjunto arquitetónico inspirou mais tarde a construção de outros semelhantes, como é o caso do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (Minas Gerais, Brasil). Além da componente arquitetónica e paisagística, este Santuário mantém o seu carácter religioso com alguns eventos ao longo do ano. A Semana Santa, uma das mais reconhecidas celebrações das Semanas Santas de todo o mundo, é um exemplo perfeito da ligação entre a cidade de Braga e o Santuário do Bom Jesus do Monte. Um dos momentos mais importantes é precisamente a Procissão de Penitência desde o centro da cidade até ao santuário.
Com mais de 1 milhão de visitantes e peregrinos por ano e sendo indiscutivelmente uma das maiores atrações do norte de Portugal, o Santuário do Bom Jesus de Braga vê agora reconhecida a sua enorme importância pela UNESCO, estando na lista dos monumentos obrigatórios a visitar em Portugal.
Outro dos monumentos que teve este merecido privilégio de ter sido incluído nesta restrita lista de monumentos mundiais é o Palácio Nacional de Mafra (Juntamente com a Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra), a poucos quilómetros de Lisboa. Esta obra-prima do Barroco foi construída a partir do início do século XVIII após uma promessa do rei D. João V. Se a rainha Dona Maria Ana Josefa de Áustria lhe desse um descendente, o rei cumpriria uma promessa de construir um enorme palácio real, uma basílica e um convento para os franciscanos. Mafra foi o local escolhido para o rei materializar esta promessa. Construído por cerca de 52 mil trabalhadores com pedra calcária lioz da região, o palácio tem números impressionantes com mais de 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas e quase 160 escadarias. É uma obra magnificente. Isto só foi possível devido ao poder e à riqueza que o reino de Portugal tinha então. Foram assim encomendadas obras de escultura e pintura de grandes mestres italianos e portugueses e foi transportado muito ouro da então colónia Brasil. Uma das características mais importantes desta obra, que ainda hoje surpreende foi a construção do conjunto de dois carrilhões, no fundo uma série de sinos afinados musicalmente entre si. Estão nestes carrilhões o total de noventa e oito sinos, o que os torna em dois dos maiores carrilhões históricos do mundo.
Um dos locais mais importantes e imperdíveis para quem visita o Palácio Nacional de Mafra é a Biblioteca. Esta é uma das mais importantes bibliotecas portuguesas com um acervo de mais de 36 mil volumes de obras desde o século XV até ao século XIX. Além da beleza e monumentalidade da sala, aqui encontram-se obras raras como é o caso de uma segunda edição da obra Os Lusíadas, a famosa Crónica de Nuremberga, uma coleção de incunábulos (obras impressas até 1500), diversas bíblias ou a primeira Enciclopédia (conhecida como de Diderot et D’Alembert).
Uma das obras mais conhecidas do Prémio Nobel português José Saramago é o Memorial do Convento, um romance histórico passado no tempo do rei João V. Esta importante obra foca-se bastante na controversa personalidade do rei D. João V e narra também a vida de vários operários anónimos que contribuíram na construção do Convento de Mafra.
São sem dúvida dois dos mais importantes conjuntos monumentais em Portugal e uma responsabilidade extra para os agentes políticos e culturais. Mais do que conseguir inscrever monumentos na lista UNESCO cumpre preservá-los e dá-los a conhecer em condições a todos os visitantes, quer sejam portugueses ou estrangeiros.